12 maio 2007

Era uma vez um menino maluquinho

Ele tinha o olho maior que a barriga
tinha fogo no rabo
tinha vento nos pés
umas pernas enormes
(que davam para abraçar o mundo)
e macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinhos no sótão).
Ele era um menino impossível!

A melhor coisa do mundo na casa do menino maluquinho era quando ele voltava da escola
A pasta e os livros chegavam sempre primeiro voando na frente

Um dia no fim de ano o menino maluquinho chegou em casa com uma bomba: "Mamãe, tou aí com uma bomba!"

"Meu neto é um subversivo!" gritou o avô.
"Ele vai matar o gato!" gritou a avó.
"Tira esse negócio daí!" falou - de novo - a babá.

Mas aí o menino explicou:
"A bomba já explodiu, gente. Lá no colégio."
"Esse menino é maluquinho!" falou o pai, aliviado. E foi conferir o boletim

Esse susto não era nada tinha outros que ele pregava. Às vezes sem qualquer ordem do papai e da mamãe se trancava lá no quarto e estudava e estudava e voltava do colégio com as provas terminadas tinha dez no boletim que não acabava mais Ele dizia aos pais cheio de contentamento
"Só tem um zerinho aí. Num tal de comportamento!"

A pipa que o menino maluquinho soltava era a mais maluca de todas rabeava lá no céu rodopiava adoidado caía de ponta-cabeça dava tranco e cabeçada e sua linha cortava mais que o afiado cerol.
E a pipa quem fazia era mesmo o menininho pois ele havia aprendido a amarrar linha e taquara
a colar papel de seda e fazer com polvilho o grude para colar a pipa triangular como o papai
lhe ensinara do jeito que havia aprendido com o pai e o pai do pai do papai.

Era preciso ver o menino maluquinho na casa da vovó! Ele deitava e rolava pintava e bordava
e se empanturrava de bolo e cocada E ria com a boca cheia e dormia cansado no colo da vovó
suspirando de alegria E a vovó dizia: "Esse meu neto é tão maluquinho"

O menino maluquinho tinha dez namoradas! Ele era um namorado formidável que desenhava
corações nos troncos das árvores e fazia versinhos e fazia canções.

E se escalavrava nos paralelepípedos e rasgava os fundilhos no arame da cerca e tinha tanto esparadrapo nas canelas e nos cotovelos e tanta bandagem na volta das férias que todo ano ganhava dos colegas no colégio o apelido de Múmia

E chorava escondido se tinha tristezas

O menino maluquinho tinha lá os seus segredos e nunca ninguém sabia os segredos que ele tinha
(pois segredo é justo assim). Tinha uns mais segredáveis E outros que eram menos.

O menino maluquinho jogava futebol. E toda a turma ficava esperando ele chegar pra começar o jogo. É que o time era cheio de craques e ninguém queria ficar no gol. Só o menino maluquinho
que dizia sempre: "Deixa comigo!" E ia rindo pro gol para o jogo começar. E o menino maluquinho
voava na bola e caía de lado e caía de frente e caía de pernas pro ar e caía de bunda no chão E a torcida ria e gostava de ver a alegria daquele goleiro. E todos diziam: "Que goleiro maluquinho!"

E aí, o tempo passou. E, como todo mundo, o menino maluquinho cresceu. Cresceu e virou um cara legal! Aliás, virou o cara mais legal do mundo! Mas um cara legal mesmo! E foi aí que
todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho
ele tinha sido era um menino feliz.

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